Eu nao ia escrever sobre o Aberto Feminino do São Fernando.
Não porque não foi bom, nem porque não tive desafios, mas porque estava em um momento "in" e não tão expressivo.
Mas aí ontem saiu o álbum de fotos! E eu vi esse momento:
E me lembrei de toda a sensação que foi aquele último putter.
O último putter do 18 de 6.5 jardas que eu precisava embocar.
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Algumas horas antes, depois de começar o dia bem, tive vários tropeços no meio da volta. Foi um dia de muita luta interna. Os dias anteriores foram muito parecidos.
Mas, parada no approach do 13 do último dia, a 22 jardas da bandeira, eu somente estava focada em terminar bem. Eu queria jogar cada tacada de forma eficiente - e só.
E quase emboquei o approach.
No 14, deixei o driver muito a direita. Tentei o tiro: água. Double.
Não me deixei chatear. No 15, eliminei o híbrido do jogo e quase fiz birdie.
No 16, par 3 longo, defendi um pouco e cai na banca. Na mesma banca que no dia anterior a bola bateu no buraco e não entrou.
Mas aquele era o dia que os Deuses do Golfe iriam me ajudar. A bola saiu da banca e no segundo pique, entrou. Birdie.
Arrisquei o driver no 17, que ficou um pouco a direita. Mas consegui um bom lay up e dois putters para par.
E o 18! O 18 que havia feito dois doubles nos dias anteriores. O 18 que errei o fairway todos os dias. Esse 18. Eu precisava de birdie.
Bati um ferro. Somente queria a bola no meio, mesmo que mais curta. Deu certo.
Fui para um approach de 81 jardas - tiro de cuidado. Bandeira mais curta. Foquei, visualizei, bati. Deu certo.
Era o putter. O putter de 6.5 jardas que precisava cair.
Eu li numa revista no dia de treino que o São Fernando tem várias dificuldades, mas uma das vantagens é que os greens são fieis. Se você tocar no putter na linha certa, com a força ideal, ele vai cair (óbvio, né!? Mas nem sempre verdade). Então há uma chance grande de embocar e aquilo me veio a cabeça o dia todo.
Vi a linha, mentalizei, toquei a bola. Eu vi ela passar exatamente aonde queria.
A bola seguiu o traço e no meio do meu grito de CAAI, ela entrou!
O birdie do 18 veio!
Foi uma sensação de realização que não consigo descrever.
Eu não ganhei o campeonato. O score não foi grande coisa.
Mas eu venci aquela batalha mental. E mostrei para mim mesma que o processo vale sim a pena.
Essa foto vai ficar guardadinha aqui. Vou olhá-la sempre com muito carinho.
Lembranças de um dia que a garra e foco venceram os erros.
E é só isso que preciso lembrar.