terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Sobre um ano intenso


Foi um ano intenso.

Nessa mesma época, em 2016, eu estava terminando de determinar meu plano de campeonatos para 2017. Eram viagens, muito treino, muita organização e muita vontade.
Seis campeonatos de cricket e dez campeonatos de golfe depois, eu posso dizer uma coisa: que ano!




No cricket, tenho certeza de uma coisa: nunca treinei tanto. Tanto na parte técnica, quanto física, quanto emocional. 
Tive a oportunidade capitanear nossa equipe de Poços nos Nacionais e conseguir a vitória com um time sólido e maduro - sim, menininhas maduras! 
Tive a honra de ser nomeada capitã da Seleção e chegar muito perto do Tricampeonato. De sentir a emoção de ver a estratégia funcionar, de jogadores crescerem, de amigas chorarem de emoção! 
Conheci atletas que admirava e treinei com jogadoras internacionais, de nível que almejo. 
Foram muitos positivos e deixaram muita vontade de ter um 2018 de ainda mais intensidade. Eu quero mais para mim, para Poços, para as jogadoras do Brasil, para a Seleção. E vou buscar isso. 



No golfe, foi uma introspecção inimaginável - me conheci como nunca. Vi como reajo no meu melhor. Vi como reajo no meus momentos de fraqueza. Tomei decisões maduras e acertadas. Vi tacadas que nunca tinha conseguido fazer e estratégias bem determinadas.
Também vi comportamentos que posso melhorar e colapsos que não quero repetir. Mas mesmo assim, nada tira de mim o quanto foi um ano de evolução. 

Fisicamente, fiz milagres. Estendi a temporada de torneios ao limite - até chorar para parar de treinar. 
E essas lágrimas foram minha forma de desacreditar que 2017 havia acabado. 
E olhando pra trás, realmente difícil acreditar que em um ano coube toda essa bagagem e experiência.  

Essa semana, assim como 2016, fiz o rascunho dos meus planos de 2018. Não poderia estar mais empolgada, mais feliz e com mais certeza que estou fazendo o que eu amo, pelos motivos certos.

Que venha 2018! 

Que toda intensidade vire alegria!


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Sobre Pequenas Vitórias


Foi uma das semanas mais excitantes da minha vida.

Há algumas semanas recebi o e-mail para representar o Brasil na Copa Los Andes, competição sul americana em equipes, jogada na Bolívia em 2017. Eu sabia que o ano tinha sido difícil, que o nível da competição é alto e que seria desgastante fisicamente e mentalmente.

Mas o que eu não sabia era o que a Los Andes faz por você. 

Eu não sabia o que o espírito de equipe faz com seu jogo. Eu não sabia que o esporte individual golfe pode ser tão coletivo quanto o que vivi essa semana. Eu não sabia que poderia tirar tanta força para buscar buracos que pareciam improváveis.

Foi uma semana de pequenas vitórias. De andar com a cabeça erguida e representando nossa bandeira com uma garra inexplicável. Foi de levantar a energia em cada batalha e dormir com a consciência em paz, sabendo que no final do dia, o melhor tinha sido feito.

Foi de lágrimas e de arrepios. Foi de gritar no green do 18 com a vitória no último buraco. Foi de embocar e gritar do coração "VAMOS BRASIL!".

Foi de Garra e de Amizade!

Eu jogo esportes coletivos há algum tempo - e mesmo assim, não encontrei palavras para explicar esse campeonato. 

Mas uma coisa eu posso dizer: Jaqueta, Tati, Lau, Nina, Fer, Mimito: lutamos e saímos de cabeça erguida. Tenho muito orgulho de ter passado essa experiência com vocês.

Filho Teu Não Foge À Luta.

Hasta La Vista, P****!



quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Finding inspiration in books


I'm reading a book about the Ronda Rousey and I'm FASCINATED. I have not even reached 25% of the reading yet and each chapter inspires me a little in the struggle of a woman, in a path unknown to the genre to show that YES, it is possible to pursue their dreams. I know that she had a great defeat in the past days, and I know they will value this detail more in the present times than other details. But there is no deny: if it weren't for Ronda, the competitors themselves would not have had room to develop and open the paths they are going through now. Anyway, I'm in super fan mode this week. And one thing that got my attention is that she talks about all her fights: from the one of who wants to wake up later and needs to train, from the fight between reconciling life and her dreams, the daily struggle to become a carrer person and a woman. That is, she has shown that every fight is valid. And each one has its own personal battle - small or large - but all valuable to whoever faces it! In my life, I bought a fight in February 2015 - after my thyroidectomy, I was trying to get back to golf and cricket practice and I heard a gentleman say: "Roberta, you will never be the same as before. You had Cancer and your body is not the same anymore. " Damn it!

What do you mean? Will I never be able to be an athlete? Will my life change, and will I be that person at the office desk going to the plaza on the weekend? Will I change my crazy routine into a predictable one? And the future? And now? I was not even 30 years old yet. So much that I wanted to do and achieve. It's not possible that I would have to abandon those dreams now. I was shocked! For a few days...

But I am a Moretti and the stubbornness has struck! I promised myself I would show that YES, it was possible to return to the life I had before and I would show.

These were months of daily battles. Trainings with pain, endless fatigue, difficulty in performance, concentration, memory. Each day with goals hit seemed a whole war defeated. These good days happened once a week, then twice, then 3 times...

During these months, Studio Ação came along, who offered to help in the physical area (they are a functional training gym in my hometown). A few months later, I received help on the nutritional side. And in a few months my body was back to normal, the training was as before and the mindset started to believe again. I returned to the competitions of golf and cricket still in 2015, I had great achievements and today I am in my best physical and professional moment.

The battle is STILL a daily one. There are moments that the pains return, the hormonal control has to be constant, my mind sometimes is slaughtered, and don’t feel like training. But with every bad moment, I want to be stronger. I want to be more on top and look at that day that "I would never be the same as before," hit my chest and say: NO, I WON’T.

Today, I am better than I was before 2015! And I want to be better every day.

Every training session. Every competition.
I want to be better with every fall. Every disappointment. Every moment of weakness.

The fight is now. It is to overcome barriers and say: YES, I can!

We ALL can all, every day!

The first step to getting what you want may be the next one.

Believe in it. NOW! ;)



terça-feira, 31 de outubro de 2017

Sobre livros que inspiram

Estou lendo um livro sobre a Ronda Rousey e estou FASCINADA. Não cheguei nem em 25% da leitura ainda e cada capítulo me inspiro um pouco na luta de uma mulher, num caminho desconhecido para o gênero para mostrar que SIM, é possível buscar seus sonhos.

Eu sei que ela teve uma grande derrota atualmente, e sei que vão valorizar mais esse detalhe nos tempos atuais que outros. Mas não há o que negar: se não fosse ela, as próprias concorrentes não teriam tido espaço para se desenvolver e abrir os caminhos que estão percorrendo agora. Enfim, estou no momento super fã essa semana.

E algo que me chamou atenção é que ela fala de todas as suas lutas: daquela de quem quer acordar mais tarde e precisa treinar, da luta entre conciliar a vida e seus sonhos, a luta diária de se fazer profissional e mulher. Ou seja, ela evidenciou que toda batalha é válida. E cada um tem a sua própria batalha pessoal - pequena ou grande, mas todas de valor para quem a tem!

Na minha vida, eu comprei uma batalha em fevereiro de 2015 - após minha cirurgia para retirada da tireoide, estava tentando voltar aos treinos de golfe e cricket e ouvi um senhor falar: "Roberta, você nunca mais vai ser a mesma de antes. Você teve Câncer e seu corpo não é mais o mesmo."

Caramba!

Como assim? Será que eu nunca mas vou conseguir ser atleta? Será que minha vida vai mudar e vou ser aquela pessoa na mesa do escritório indo à praça no fim de semana? Será que vou trocar minha rotina louca por uma rotina previsível? E o futuro? E agora? Eu não tinha nem 30 anos ainda. Tanta coisa que eu queria alcançar e conseguir. Não é possível que eu iria ter que abandonar esses sonhos agora. Me vi chocada! Por alguns dias...

Mas sou Moretti e a teimosia bateu! Eu me prometi que iria mostrar que sim, era possível voltar a vida que tinha antes e eu iria mostrar.

Foram meses de batalhas diárias. Treinos com dores, cansaço interminável, dificuldade de performance, concentração, memória. Cada dia com objetivos atingidos pareciam uma guerra inteira vencida. Esses dias bons passaram a acontecer uma vez à semana, depois 2, depois 3... 

No meio do caminho, surgiu o Studio Ação, que se ofereceu para ajudar na parte física. Alguns meses depois, recebi ajuda na parte nutricional. E em poucos meses o meu corpo voltou à normalidade, os treinos voltaram a ser como antes e a cabeça voltou a acreditar. Voltei às competições de golfe e cricket ainda em 2015, consegui conquistas lindas e hoje estou no meu melhor momento físico e profissional.

A batalha AINDA é diária. Há períodos que as dores voltam, o controle hormonal tem que ser constante, o psicológico às vezes se abate, que não dá vontade de ir treinar. Mas a cada baque, eu quero ser mais forte. Quero dar uma volta ainda maior por cima e olho praquele dia que "eu nunca seria a mesma de antes", bato no peito e digo: NÃO MESMO.

Eu hoje sou melhor que era antes de 2015! E quero ser melhor a cada dia. 
A cada treino. A cada competição. 
Quero ser melhor a cada tombo. A cada decepção. A cada momento de fraqueza.

A luta é agora. É vencer barreiras e dizer: eu posso sim! 

Todas nós podemos, todos os dias!

O primeiro passo para conseguir o que você quer pode ser o próximo.

Acredite. Agora!






  

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Sobre um Sul Americano


Essa é a imagem que tenho na minha cabeça do campeonato.

Há cerca de três meses tivemos algumas mudanças na Seleção. Perdemos nossa capitã, perdemos nossa rebatedora de abertura e perdemos nosso coach. Tudo junto. Em uma só mensagem.

Eu, que já estava a mil no organização da viagem do Sul Americano, levei alguns momentos pra me recompor. Eu sabia que um dia eu teria que tomar essa decisão com o cricket - mas nunca imaginava que seria agora. 

Respirei e me coloquei a disposição para ser Capitã da equipe e estruturar o time para o Campeonato. E junto comigo, foi indicada e mais que aceita, outra parceira de equipe, Ana!

E foram três meses de noites dormidas pela metade, stress, planilhas, números e determinação. Eu já tenho uma rotina acelerada somente com o meu trabalho, família e treinamentos - de golfe e cricket - então, adicionar as atribuições da capitania da Seleção foi algo que levou minha ansiedade e tensão a mil. Me fez pensar: o que eu posso fazer em três meses que fará o time dar e ser o seu melhor? Como eu posso melhorar esse time?

Junto com a Ana, fizemos um plano. E seria jogar com Respeito, jogar com Garra e jogarmos Unidas! Que mesmo com todas as dificuldades que todas as jogadoras estavam passando, íamos dar o nosso melhor e lutarmos!

E o campeonato foi assim! Foi como essa foto. Foi de garra, foi de trazer o melhor de cada uma, foi de dar 1% a mais daquilo que costumamos dar. 

Vi jogadoras tímidas serem mulheres de peito no jogo. Vi meninas se tornarem muralhas no fielding. Vi arremessos que jogadoras experientes não batiam. Vi rebatidas em quem não confiava e vi confiança ser dividida por quem não acreditava mais.

Chorei, gritei, me emocionei.

Foi de crescer a cada dia e chegar como o melhor time que podíamos ser na final! 

E chegamos. Perdemos a final em detalhes. Lutamos até a última bola.

Saímos aplaudidas de pé por todos que assistiam. 

E disse para minha equipe e repito: se não estamos no cricket por esses momentos, não sei porque estamos aqui.

Obrigada, Seleção Brasileira de Cricket Feminino 2017!
Somos Vice Campeãs com gosto de quero mais.

Que venha Bogotá 2018!



sexta-feira, 30 de junho de 2017

Sobre aquele swing bonito

Há momentos que você é pura serenidade!

E há momentos que é a descrição do caos!

Nesse campeonato, fui ambos. Joguei o 25° Aberto Feminino do São Paulo Golf Club - campo que amo e conto sempre os dias para jogar. Tenho memórias lindas desde a infância e joguei o Aberto em 2014 antes da minha cirurgia. 

No campo, tive calma. Uma calma que vem se desenvolvendo há algum tempo e que pra mim, parece sobrenatural. Eu, italiana, Moretti, ligada no 220 estou calma. Serena. Dentre os resultados de jogo que tive, há alguns anos, teria quebrado alguns tacos e feitos alguns escândalos. Mas não dessa vez. Eu respirei e segui em frente.

Uma lady.


Fora de campo, tive o caos. Apesar da maturidade nos 18 buracos, mostrei que ainda preciso crescer muito fora deles. Eu estava fora de mim - não acreditei no que havia feito em campo, agi de forma contrária ao que prego quanto à preparação mental e claro, não melhorou em nada meu jogo. 

Morettinha teimosa!

No caminho de casa, em quase 4 horas dirigindo - com reflexão e amigos cheguei ao seguinte questionamento: Afinal, no que esse caos vai mudar minha vida?

E foi o meu ponto de mudança.

Acordei hoje plena. Com vontade. Com garra e determinação. 

E se não der certo, levantamos de novo e continuamos.

Porque se não for se divertir no caminho, não espere a felicidade no pote de ouro.










segunda-feira, 12 de junho de 2017

Sobre altos e baixos

Junho foi o mês escolhido para o golfe.
São 5 semanas (agora 6, com a adição do Aberto do Gávea) de torneios e viagens pelo sul e sudeste do Brasil fazendo uma das coisas que mais amo: competir. 

Começamos com o Bandeirantes, no Lago Azul Golf Club, em Sorocaba. 

Há dois dias antes de viajar, senti uma fisgada abaixo da costela esquerda. Já tinha sentido isso antes e achei que fosse passar. Não era o que eu queria pré-torneio. 
Não passou. E doia.
Corri para a fisio e coloquei bandagens para estabilizar aquela área e prevenir dores. Já utilizei as bandagens antes para competir e sei que me ajudam. 

Naquele momento tinha dores até para respirar. Dormir era um desafio.

A dor durou 2 dias. Viajei "enrolada" em bandagens. Mas não senti nada!

QUE BOM!


Aí começou a maior parte do trabalho.

Foi um campeonato de jogo mental. De controle de putter.
Foi de correr atrás. Acertar bem. De errar grande.

Foi Campeonato de melhores tacadas da vida. E de erros infantis. 
Às vezes até junto!

Foi Campeonato de mais altos que baixos. 
Foi melhor que os erros cometidos.
Foi pior que as tacadas que executei.

Mas foi positivo.
Mentalmente.

E bola pra frente!

Vice Campeã Aberto Bandeirantes 2017



segunda-feira, 8 de maio de 2017

About little special moments

**This will be my second post in English! I promisse a translation for Portuguese in a soon future**

In mid november I received a message from a lady. I had just had a great cricket tournament in Brazil and she was inviting me to play a tournament in USA - a unique ladies team in a men's cricket tournament. After a few thinking days, I said: why not?

The lady in question is Julie Abbott, manager of the CanAm Cricket Team. The team consists in players from USA, Canada, Argentina and now a Brazilian. The CanAm mission is simple and clear: PLAY MORE. Is about having a platform for ladies all over the Americas to develop their match experience, have fun while doing it and developing skills.

A lot of things happened after I acccepted the invitation to this tournament. I spent some time in Australia working, played a tournament in Argentina and changed my bowling action a few times. Like in golf, I am a believer that efficient technique will make you more consistent on the long run - but usually while those changes are taking place we can go through a rough patch. And I am currently on that moment of my life. Changing to get the best in the soon future.

I headed to Philadelphia and met Julie, my roomate Shebani and my captain: Claire Taylor! Yes, my heart was racing and I was very excited to play with such a great athlete! Come on, it is Claire Taylor. 

Anyway, fan moment aside, I was feeling confident that I would be able to control my bowling action for the week. And hopefully could get some more experience with batting just by watching Claire and the other girls play. 

First match I opened the bowling with Sara - and that is when my mind set went off a bit. Maybe I forced the action because was playing against men, maybe because the wind was a little bit stronger and I wanted to increase pace or just maybe because my new bowling technique is still not stablished. But I was not happy with my performance. 
Game carried on and I was able to not let that affect the rest of the day. But I lost the bowling confidence for that moment.

I spoke about it to my roomie Shebani and decided to ask advice for my skip, Claire. When in life could you have a confidence issue and talk to someone on that level??? Fan moment again! And that support was something that made my day much lighter...

At all tournaments, I always try to take with me the best moments. Those moments that everything stops for a second and you can see it all in slow motion. 
For those who were in Philadelphia this week, they must believe that the best moment for me was the catch from the last match. A ball who came from the batsman after a spell from our spinner - I saw it flying and I was sure that I was going to be able to run to it. The ball just bounced in my left hand after a dive and some juggling stopped inches from the grass in my right hand. What a thrill. I never had so many people talking to me about a catch - it was a dream. 

But no. For me, the moment I will take for life is the 6th over of the third match. After the first bowling day I was still trying to get my confidence back when the vice captain and roomie, Shebani, said: "Robbie, you are bowling next". I was fielding only and got nervous straight away. In that game, wides were very costly and I was struggling. All things came to my mind: the conversation i had with Claire the day before, the effort we put to travel to a tournament and how important that it could be for me. Shebani said the nicest words to me before I got the ball and I went to the pitch. In the second ball, a wide. All demons trying to get back. And in my mind, all I focused was that I could do it. In the outfield, I could listen to one of our friends saying to me: "You can do it". And I repeated that every time he said. Like a mantra. I breathed deeptly and bowled for my first wicket. And the following ball, the second wicket. 
I did it. What a feeling. I could do it and had to hold the tears in my eyes. 

I looked at Shebani and she said: "we have each others backs, right?!" And that moment I knew it is all worth it. 

Sports have a great way of bringing you up. Also is a channel to meet the best people. 
I am forever grateful for the moments I will take back from this week. I am also grateful for the people I met. 

Looking forward to have another "best weeks of my life" soon. 

Come on, South Africa?! 







quarta-feira, 26 de abril de 2017

Sobre jogos mentais

Já dizia Renato Russo: "Meu Deus, mas que cidade linda..."

Chegou a data do Aberto de Brasília. Campo que conheci e me apaixonei pelo nível técnico alto e fairways fechados desde a primeira visita em 2015, ainda como espectadora. Amo o campo, adoro a cidade e os buracos com vista para a Lagoa Paranoá ganham meu coração sempre. 

Esse ano Brasília teve um sentimento um pouquinho menos agradável, pois ele coincidiu com o Aberto de Poços, meu clube. E confesso que por semanas fiquei imensamente magoada por ter que escolher entre um deles, mas no final, a razão e meus objetivos falaram mais alto que a emoção de jogar em casa. Uma pena, mas fica pra outro ano...

Cheguei um Brasília com focos diferentes do ano anterior - já sou um pouco mais madura que no início de 2016. Tinha minha estratégia de campo definida, forçando minhas boas tacadas e evitando áreas de turbulência, e também com uma rotina um pouco mais estruturada. Porém, estou menos estável tecnicamente. Então seria um jogo mental.

E foi. Tive um momento de deslize no primeiro dia, subindo 6 tacadas em 2 buracos seguidos, mas toquei bem o putter, acertei na estratégia e o swing estava compacto - com isso fiz 3 birdies e sai positiva do campo. 


E continuou sendo mental no segundo dia. Ao contrário do primeiro, a batida não estava legal, os putters não entraram e minha cabeça foi vagarosamente perdendo confiança e ganhando conflitos. Foi um dia muito difícil, com somente 5 fairways e isso pesou bastante. Acabei com um birdie no último buraco e a sensação que tinha perdido o dia pra mim mesma. 

Comecei o terceiro do jeito que eu queria. Cheguei cedo no driving range, fui para os putters com antecedência, parei um pouco antes do jogo para respirar e concentrar. Queria que conseguisse manter minha cabeça em jogo por 18 buracos. Esquecer o resultado e pensar somente em cada swing. 

Foi uma montanha russa. Batidas excelentes. Batidas medianas. Putters lindos. Putters curtos quase. Os fairways ainda foram difíceis de acertar. Mas eu estava mais feliz comigo mesma - minha mente estava em paz durante o jogo. 

Mesmo com o score sendo parecido com o ano anterior, eu me sinto uma pessoa muito diferente em campo. Me sinto mais completa, mais capaz. Claro que as melhorias vem com intenso treinamento - se me dedicar, posso melhorar. E pretendo seguir nisso.

Vi nas lembranças do FB o meu post desse Aberto no ano anterior. E vi que sai com conflitos desse campeonato. Esse ano saio com esperança que o golfe vai melhorando aos poucos em cada um dos seus pilares. 

Voltarei em 2018. 
Se possível melhor mentalmente, tecnicamente e fisicamente!




terça-feira, 11 de abril de 2017

Sobre pequenas vitórias

2017 tem sido um ano duro no golfe. Todo esporte tem seus altos e baixos - isso eu já sei. 

Mas meu baixo desse ano é que eu pareci perder a vontade de treinar e jogar golfe. 
O Driving range, que sempre foi minha terapia, virou um treino forçado. O clube de golfe virou um lugar de conflito. E meus fins de semana de manhã não eram tão animados quanto antes. 

Mas eu sou golfista. Sempre serei. Mesmo com as dúvidas, mantive os planos de campeonatos. 
Deve ser só uma fase. 

E decidi ir ao 34° Aberto de Campinas somente com um foco: me divertir. Ver os amigos, jogar num campo que amo e matar saudades de amigos do golfe que há meses não me encontrava.

Vi que esse fim de semana me fez bem. Que eu amo encontrar pessoas com a mesma paixão. Adoro saber das histórias de vida deles. De como jogaram, de como sorriram, de escutar tramas e rir!

Vi que tenho mais estrutura golfística hoje que ano passado. Mas também vi que devido à esse momento do meu golfe, tenho menos constância técnica.

E aos poucos vi que pertenço ao golfe. Eu amo acertar boas tacadas. Eu amo embocar putters. Eu não gosto de errar. Mas quem não treina, erra bastante! Quem treina, erra menos. É um jogo que você tem que suportar os erros e jogar o seu melhor nos seus acertos.

Vi que a emoção que o golfe traz é única. E eu amo isso.

Vi que precisava desse fim de semana para reviver meu amor pelo esporte. Foi como uma Lua de Mel necessária num relacionamento tenso! Talvez seja um ano que eu precise de várias Luas de Mel. Ou talvez o amor se fortaleça rápido. descobrirei em breve.

Mas estou mais positiva. Isso que importa. 

Buraco 11 - 34° Aberto CGC - Vice Campeã Scratch


segunda-feira, 20 de março de 2017

Começando competições em 2017

2017 oficialmente começou com competições esportivas!

E esse ano, a primeira foi em cricket! A Seleção Feminina e Sub 19 viajou para Buenos Aires para enfrentar a rival Argentina

Esportes coletivos. Eles sempre são complexos!

Acabamos a temporada 2016 como a melhor equipe tecnicamente - mas fragilizadas nos bastidores. Confesso que por um breve momento pensei que não tivesse forma de consertar os estragos do passado.  

Mas nada como perseverança de equipe, comunicação e amor ao esporte. 

Chegamos em Buenos Aires de forma diferente. Tínhamos menos veteranas e tanto quanto para provar. 

Chegamos com vontade de mudança - com vontade de ser equipe e com a atitude certa para isso. 

Aos rápidos poucos, tudo foi se ajustando. A comunicação começou a se estabelecer, os problemas foram resolvidos ou relevados e os erros foram abertos ao time e desculpados. 

E que diferença isso fez.

O sorriso naturalmente foi aparecendo. A garra foi se incorporando e a energia foi contagiante. 

Não teve coisa melhor de ver pessoas sorrindo enquanto assistiam a Seleção Brasileira Feminina dando seu melhor cricket.

O resultado dos jogos foi disputado em detalhes. Dessa vez não foi o nosso Campeonato.

Mas foi o começo de uma nova Seleção. 
E é uma Seleção que tenho orgulho danado de jogar. 
Senti de novo o arrepio de gritar Cricket Brasil depois de um wicket!

E isso dinheiro nenhum paga. 

Estamos no caminho certo - ninguém segura esse Brasil!


Que venha 2017! 




segunda-feira, 6 de março de 2017

Sorte

Sorte.

Na adolescência, li que sorte era uma mistura de oportunidade e competência. A oportunidade de algo dar certo está ali - você tem que ter competência de aproveitar a oportunidade. Às vezes a competência é consciente, às vezes não...

Por exemplo: ganhar na mega sena é sorte. Mas a oportunidade de ganhar alguns milhões está ali. O ganhador teve a competência de ir na loteria, pagar alguns reais e escolher números... (ignorem o fato que a mega sena pode ser uma mega fraude!)

No esporte, a oportunidade de jogar bem esta ali! Com o treino vc aumenta a sua competência. Aumenta as chances de tudo dar certo na hora que vc precisa. 

Com 31 anos, trabalhos, família, golfe e cricket não é fácil manter tudo equilibrado. Não sou mais a adolescente que leu sobre a sorte... então cada oportunidade de aumentar minha competência será utilizada.

Você define suas prioridades e corre atrás de meios para segui-las...

E a frase dita por Bobby Jones, que ficou famosa quando repetida por Tiger Woods que diz: "quanto mais eu treino, mas sorte eu tenho" é meu mantra.

E que lideremos por exemplo

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

White Ribbon Cup - Ladies Community Cricket in AUS

This will be my first English post - I will translate it in Portuguese eventually, but it will be in English first to share with some very nice people from Australia. 

I arrived in Australia to work on end of January and my intentions could not be clearer: I want to understand the cricket life in Australia, the organizations behind it and how the game is played outside the big scenarios - how do Australians play cricket? And how can we use that to improve cricket in Brazil?


Before my arrival, I was pretty excited and very quickly I realized that Australians are doing something right. I could see women playing sports everywhere. Either cricket or football, golf or netball: women are just playing sports! And not only playing, they are being broadcasted too: I watched AFL, LPGAsports campaign for Netball with women, female empowerment is a trend - just check this Rebel campaign here! :) 

White Ribbon Cricket Cup :)
I had the pleasure to play for the Fairfield Cricket Club during my stay in Australia. These girls are great - they are playing community cricket for their second season and having a lot of fun in the game. Also, I could quickly find one thing out: community cricket is about inclusion and participation! New players meet experienced players and help each other out the best way they can. And together we played the White Ribbon Cup, on Sunday, that was organized by Northern MetroCricket Association, in awareness of domestic violence.

With Loraine Ireland and Lenore Smith
This was a different scenario than my first T30 with Fairfield in the previous week. In the White Ribbon Cup, we would play three T10s against the Division 1 teams. Both divisions were named after people who helped cricket in the region. So Division 1 was name after Loraine Ireland (board member for over 15 years) and Division 2 named by Lenore Smith (board member for over 7 years)!  

But what I was surprised about was that we had ELEVEN teams playing on a rainy and cold Sunday morning - it was almost 150 ladies! In the previous edition, the Cup had 4 teams and 45 women. We had young teenagers playing with ladies over 50 and beautiful colourful uniforms everywhere... 

During the day, all teams helped to supply the morning tea and lunch for the players and the ground, Keon Park, helped with volunteers for the organization. The ambient was just like community cricket should be: fun, respectful and friendly! Games were modified to be quick and pleasant too – shorter boundaries, extras were played differently and umpires would dictate the rules and also give beginners some tips. Why not!?

Lunch preentation for players! Not even half of them are there
I was very happy. To see everyone coming together and supporting each other in a sport they love. Made me believe that female sports are really changing into something stronger - and not only in kids and junior participation, but also with ladies that are decision makers in their homes, that are moms and want to make sure they are inspiring the person next door.  

It is just a first or second step still - in cricket, ladies are still only semi-professionals, pay is different from men's, acessibility to training grounds could be harder... but things are moving in the right direction. 

Definelty going to take some ideas back to Brazil. 

Very proud fan of Autralian females writes here! Go, girls!!

Finalists from Division one after the game! 






domingo, 29 de janeiro de 2017

Eles estão fazendo algo muito certo....

Estou há menos de 24 horas na Austrália.
E estou espantada esportivamente!

E já vi três campeonatos diferentes de golfe na TV, dois profissionais e um amador, acompanhei dois jogos de cricket, já vi comerciais de rugby e netball (nem sequer conhecia o esporte) - mas isso era esperado. Já vi tênis e basquete - também esperado. A diversidade esportiva eu já sabia que era real aqui na Australia. 

Também fui à um driving range durante à tarde - passei duas horas com meus tacos entre ferros, approachs e putters. Estava lotado. Okay - era esperado. A maioria dos jogadores eram homens. Okay - também esperado. Mas o que me chamou a atenção foi:

1. haviam vários casais, Mas a namorada/esposa/amiga não estava assistindo o namorado/marido/amigo. Elas estavam na baia ao lado, com um taco na mão, batendo bolinhas enquanto o outro também treinava. Erravam, acertavam, ficavam felicíssimas quando acertavam boas tacadas. E tudo isso incentivadas pelo parceiro. 
Eu já passei por dezenas de clubes de golfe, já devo ter batido milhares de bolas na minha vida: essa cena me chamou atenção porque eu nunca vi a mulher ser incentivada dessa forma - por todos! Não foi um caso isolado ou uma atleta raçuda buscando resultados de alto rendimento... 

2. havia também mulheres super iniciantes. Sozinhas. Sem preocupação com o dress code ou foco no swing perfeito. Estavam ali, num domingo ensolarado, por simplesmente ter vontade de bater drivers! Às vezes até com uma cervejinha. E isso parecia natural... 

3. Eu estava ali super concentrada tentando corrigir um erro de backswing. E além dos casais, mulheres treinando, havia alguns grupos de amigos. Pareciam ser handicap 18+, jovens, de regata e shorts esportivos. Eles estavam ali, batendo bola, apostando em approachs, conversando e... se divertindo! Não eram jogadores de alto rendimento. Possivelmente não são jogadores de todo fim de semana. Me pareciam jovens que tiraram a tarde de domingo para bater bolas...

E falando em se divertir fazendo approachs: a área de treino de putters era impecável. Mas quase vazia - a não ser por mim e uma criança que parecia estar esperando o pai acabar de bater o balde na baia do driving range. Mas ao lado do super green impecável de putters, estava o green de chips/approachs e estava LOTADO. 
Quando cheguei para treinar nesse green lotado, notei que os buracos eram enormes e deviam ter uns 30 cm de diâmetro! E ai se explicou porque tínhamos vários grupos ali brincando e sorrindo - embocar era fácil! Porque não deveria ser? Porque aquilo não podia ser super divertido?

O interessante nos programas assistidos pela manhã foi que um campeonato de golfe era do LPGA, um jogo de cricket era feminino e o comercial de netball não só era da equipe feminina, como falava "Rethink Role Models" em um momento de empoderamento massivo à atleta mulher. E ainda escrevo esse texto enquanto assisto profissionais dando um dia de clínica para mulheres de todas as idades e handicaps em um campo qualquer, parece ter umas 30 mulheres na clínica...

Então o que foi possível notar claramente:
- A mulher atleta aqui tem uma força incrível!
- O acesso aos esportes acontece na infância - se uma pessoa conhece o esporte enquanto jovem, maior a chance de ser um fã durante a vida.
- O esporte é acessível e é divertido! E é principalmente social! 

Como o esporte é feito para ter uma participação muito grande em todas as faixas etárias, a probabilidade de ter jogadores sociais é maior. Com maior quantidade de jogadores sociais, maior o número de jogadores de alto rendimento. Não porque a efetividade de tornar um conhecido do esporte em jogador de alto rendimento seja maior aqui - mas eu acredito que seja baseado em porcentagem. Se 100 pessoas conhecem o golfe, 20 viram jogadores, 5 viram jogadores competitivos, imagina se passam 10.000 pelo mesmo processo (desde que haja um caminho de desenvolvimento claro para o iniciante - o famoso pathway).  

E ainda temos um incentivador externo aqui: temos ídolos atletas australianos de diferentes gerações e esportes. Vi o Jason Day hoje em banners, vi o tubarão do Greg Norman espalhado por ai... 

Acho que a combinação de exposição ao esporte na faixa etária correta com o empoderamento da mulher no esporte e a facilidade de praticar esportes de forma divertida traz sim resultados. Com certeza um trabalho que deve ser feito de médio à longo prazo. E bato sempre na tecla da força da mulher no desenvolvimento do esporte pelo fato de acreditar que esse é um pilar para o crescimento. Quando a mãe é atleta, os filhos tem muito mais chances de ser - mesmo que em outro esporte. 

E o importante é praticar o esporte - independente de qual seja. 

Eu tenho um mês de trabalho aqui. Se conseguir entender mais sobre como os Australianos conseguem manter tudo isso vivo aqui, já voltarei pra casa mais contente.

E pra acabar: repense seus modelos de vida!